Ler por prazer é o X da questão
Num país castigado pelo analfabetismo, projetos de incentivo à leitura são muito mais que bem-vindos: são fundamentais
=== PARTE 1 ====
Freqüentador
do projeto de incentivo à leitura coordenado pelo Centro Educacional
Kaffehuset Friele, em Poços de Caldas, MG: transformando jovens em
apaixonados por livros. Foto: Marcos Rosa
Correr
os olhos pelos livros dispostos numa prateleira, escolher um deles e
dirigir-se à poltrona mais próxima, seja na biblioteca, na livraria ou
na sala de casa. Melhor ainda: deixar-se escolher por uma obra
literária. À medida que as páginas são viradas, o leitor se vê
transportado para uma espécie de realidade paralela - um mundo
inteiramente novo, repleto de descobertas, encantamento e diversão.
Pouco importa se quem lê é criança, jovem ou adulto. Menos ainda se o
que está sendo lido é poesia, romance ou um livro de auto-ajuda. O que
realmente interessa é a cumplicidade entre o leitor e a obra,
alicerçada no prazer que só a leitura é capaz de proporcionar.
Ler
por prazer é o X da questão. Há quem leia, por exemplo, apenas para se
informar, dedicando regulamente algumas horas de seu precioso tempo a
jornais e revistas - como você, caro leitor, está fazendo neste exato
momento. Trata-se de um hábito mais que saudável, a ser preservado e
disseminado, e de suma importância na chamada "sociedade da informação"
em que vivemos. Mas ele não necessariamente irá transformar você num
apaixonado pela palavra escrita. Da mesma forma, a leitura para
estudar, parte da rotina nas salas de aula, tem suas funções
pedagógicas, mas não faz despertar a paixão pela literatura. Quem
descobre prazer numa obra literária nunca mais pára de ler. Quando
chega ao fim de um livro, já está louco para abrir o próximo. E só tem
a ganhar com isso.
O
papel da escola é fundamental nesse processo. E quem melhor que o
professor para despertar em seus alunos o prazer da leitura? São muitas
as atividades que podem ser desenvolvidas em sala de aula com esse
objetivo. "Promover um debate, por exemplo, para discutir cenas ou
situações presentes num livro que acaba de ser lido pela turma é uma
prática importante e muitas vezes esquecida", afirma a educadora Maria
José Nóbrega. O problema é que o profissional de educação nem sempre
conta com os recursos necessários para concretizar essas atividades, ou
simplesmente não sabe como implementá-las.
Quando a escola não
cumpre esse papel, ganham relevância os inúmeros projetos de fomento à
leitura espalhados pelo Brasil, tema desta edição especial de NOVA
ESCOLA. Num país que ainda sofre com deficiências no ensino público e
com o alto índice de analfabetos funcionais (aqueles que, embora tenham
aprendido a decodificar a escrita, não desenvolveram a habilidade de
interpretação de texto), qualquer iniciativa que vise a transformar
brasileiros em leitores é extremamente bem-vinda.
Revista NOVA ESCOLA -Edição Especial | Julho 2008 | Título original: O X da questão
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