quarta-feira, 17 de novembro de 2010

PARA REFLETIR...


O que é um mau leitor

Em minha opinião, vontade é a soma de energia psíquica de que a consciência dispõe.O processo volitivo será, portanto, um processo energético, suscitado por uma motivação consciente.
O mau leitor, na verdade, não se propõe a nenhum diálogo intermediado por outra coisa que não seja seus próprios desejos interiores. A letargia, ou a preguiça, acompanha e consagra o indivíduo que se mantém dominado por impulsos ou como joguete de estímulos os quais não controla. Ele não se pergunta, por exemplo, - o que sei sobre isso? O compromisso do aprendiz consigo mesmo, enquanto potencialmente um aprendiz, não se realiza. 
Como o aprendiz não se pergunta sobre o que sabe ou não sabe, não direciona sua atenção, muito menos se concentra em qualquer leitura. Com esse tipo de comportamento, não pode identificar quais sejam a idéias principais de um texto, assinalar as partes mais importantes de um artigo ou  confrontar os pontos de vista do autor com os seus. Impossível, conseqüentemente, analisar, avaliar, julgar por parâmetros definidos, externos, universais ou objetivos.
No entanto, mesmo admitindo que está fazendo um curso porque sua formação não está finalizada, não aceita ter deficiências ou limites na esfera do conhecimento, nas habilidades cognitivas. A imagem que tem de si mesmo não confere com seu desempenho afetivo e intelectual. Seu sentir e seu pensar apresentam-se desconectados. Não reconhece o tipo de energia que lhe move e, por isso mesmo, terá imensa dificuldade em tornar-se um bom leitor.
Para se tornar um bom leitor, o sujeito, de qualquer faixa etária, precisaria buscar sempre dominar a própria língua e, particularmente, o seu vocabulário. O vocabulário, no entanto, só é enriquecido pelo hábito de ler. Para essa dinâmica começar a funcionar é preciso modificar o próprio comportamento. Nessa exigência dialética, onde o movimento sempre deve ser acionado para uma conquista desejada, o comportamento dos pais, dos professores, dos alunos, ou melhor, de todos os que se propõem aprendizes, deve ser objeto de maior reflexão. Quem não lê não pode ser modelo para outro. Quem não tem o hábito de leitura não pode educar o bom leitor.
Para educar, pais, filhos, professores e alunos precisam ser educados. Todos precisam ter conhecimento sobre si mesmos, precisam habilitar-se a ter auto-consciência, o que permite o alargamento dos processos de compreensão da própria vida em suas complexas relações de trabalho. O alargamento da consciência, por outro lado, é a exigência maior de desenvolvimento, quer psíquico, quer intelectual, quer individual, quer social e esse desenvolvimento concretiza-se quando o homem se torna um bom leitor.
 










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Por LIZIA HELENA NAGEL
Professora no Centro de Ensino Superior de Maringá (CESUMAR), Doutora em Filosofia da Educação (PUC/SP)
 

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